sexta-feira, 27 de junho de 2008

Duplo Ruim - Nauro Machado


Toda existência é voraz.

Todo ser deveria ser só.

Não unir-se nunca, jamais,

não enroscar-se a nenhum pó.

Ter por casa o mundo todo.

Ter por lar o que é do chão.

Carne, ó dinheiro de um soldo

ganho só com maldição!

Vilipendiar-se? Por quê?

Unir-se a outro? Mas com qual?

Ser um só, para mais ser,

fruto embora de um casal.

Toda existência é nenhuma,

Se feita para outra , em dois.

Role o mar, eterna espuma,

Presente ontem e depois.

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