quinta-feira, 29 de abril de 2010

"Pecados" Gastronômicos

Olá!

Quem nunca salivou diante de um prato saboroso ou diante do mero pensamento ou expectativa de comê-lo? Hoje quero provocar isso em vocês, mas primeiro quero falar dos pratos que me fazem sentir assim.

Para quem tem um "cérebro gordo" (expressão da minha amiga Fê), isso não é uma missão mto dificil.....


1 Qq massa com molho branco;
2 Salada que acompanhe palmito, atum, ovo de codorna e tomate seco;
3 Meca Santista;
4 Camarão a grega;
5 Paella Valenciana;
6 Strogonoff de frango ou de carne;
7 Risoto de Camarão;
8 Bacalhau ao catupiry (ou o Bacalhau q minha Tia Lourdes faz!!!);
9 Filet Mignon (ou filet de frango) a parmegiana ou a milanesa;
10 Sobremesas (principalmente petit gateau, pudim de leite, manjar de coco, pavê de sonho de valsa....)

Hors concours: Pizza (principalmente de champignon ou de atum ou de palmito)

Hors concours 2: Coração de frango (eu sei, todo mundo fala ECA, mas eu adoro e quando meu pai faz pra mim, eu bato palmas de emoção!)

Agora aqui fica a pergunta....q comida faz vocês salivarem?????

Bjs

Transtornos mentais: tratamento precisa ser integral

Um projeto desenvolvido no Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP) se propõe a tratar pacientes que sofrem de transtorno psicótico e bipolar integralmente, e isso significa que a cura não se dá apenas à base de remédios.
*
“É comum vermos na publicidade uma associação entre tomar medicamentos e o fim de todos os problemas relacionados com uma determinada doença ou condição. Mas não é assim. Ninguém toma uma pílula e se livra de tudo: é preciso ver a totalidade do paciente e isso significa não somente enxergar a parte biológica, mas também a psicossocial, ou seja, as relações e os obstáculos sociais que foram causados por um transtorno mental, por exemplo”, alerta Rodrigo Leite, médico psiquiatra do IPq/USP e pesquisador ligado ao Programa de Apoio Psicoeducacional para Pacientes Psicóticos (Proapse).

O projeto, desenvolvido pela equipe de Renato Marchetti – e da qual Leite faz parte –, traz pacientes e cuidadores (na maioria das vezes pais e mães) para sessões em grupo onde compartilham seus problemas e ansiedades. O resultado? O fosso aberto pelo estigma e pelo preconceito se torna mais raso e facilita a reintegração desses indivíduos – que já se estabilizaram por meio de tratamento farmacológico – à vida social. “E, como se sabe, o contato social é importantíssimo para a recuperação completa”, afirma Rodrigo.

Esquizofrenia e transtorno bipolar

Os pacientes envolvidos no projeto são, na grande maioria dos casos, indivíduos que sofrem de esquizofrenia, transtorno bipolar do tipo 1 e os chamados transtornos de esquizofrenia afetiva, além de casos de psicose. “Apesar de ser um grupo aparentemente heterogêneo – mesmo com pacientes em diferentes níveis do desenvolvimento da doença e de idades entre 18 e 65 anos – os problemas enfrentados por eles são similares: são vistos como incapazes e isolados por conta do preconceito sofrido”, aponta Rodrigo.

O projeto foca também outro problema enfrentado por esses indivíduos: o estigma dentro de casa. “Os próprios cuidadores acabam enxergando esses indivíduos como portadores de uma incapacidade inerente. Todas as situações problemáticas são vistas como reflexo dos transtornos. Isso leva primeiro a um estresse crônico por parte dos cuidadores, pois eles acham que o indivíduo vai ‘descompensar’ a qualquer momento”, observa o especialista.

Paralelo a isso, os cuidadores podem tender a infantilizar esses pacientes, superprotegendo-os, ou seja, resolvendo todos os problemas por eles, não lhes dando autonomia em tarefas, mesmo as rotineiras. “E isso é péssimo para o indivíduo que tem um desses transtornos. Pequenas tarefas e responsabilidades são importantes para que eles se enxerguem capazes, podendo introjetar essa imagem de que eles são realmente instáveis, perigosos, pouco confiáveis. Isso, como podemos ver no projeto, não é real.”

Grupo é a chave para reinserção

Os encontros em grupo, acompanhados pelos profissionais do IPq, colhem ótimos resultados: o estigma e o preconceito dentro da família – o primeiro passo para que a sociedade também o enxergue como um indivíduo capaz – cedem espaço ao respeito e à aceitação.
“O próprio grupo troca informações e compartilha problemas, ajudando na melhora de todos os envolvidos. O sentimento de solidão, que é muito sensível nessas pessoas – tanto pacientes quanto cuidadores – diminui e é substituído por uma sensação reconfortante, de que eles não são párias que devem se isolar”, explica Rodrigo. “E os níveis de estresse dos cuidadores também diminuem”, completa.

Graças a uma parceria do Instituto com a rede de supermercados Carrefour, esses indivíduos também estão conseguindo vencer mais um limite: trabalhar novamente. “Muitos deles tinham se afastado dessa atividade e ficavam em casa isolados. Agora eles têm a possibilidade de ampliar seus horizontes, exercitar sua autonomia – até mesmo financeira – e tudo isso se reflete na recuperação da autoestima”, diz o pesquisador.

“Com o projeto, conseguimos ampliar o tratamento desses pacientes para níveis muito além da simples prescrição de fármacos e ajuste das doses de remédio. Ampliar essa noção de tratamento dos transtornos mentais e ajudar na ponte com a sociedade é importantíssimo para vencer o estigma”, finaliza Rodrigo Leite.

por Enio Rodrigo

terça-feira, 20 de abril de 2010

Eugênio Mussak - Uma coisa de cada vez

Certa vez, muito intrigado, um discípulo abordou seu velho mestre:

- Como o senhor, de idade tão avançada, parece ainda mais novo que nós? Como pode estar sempre tão bem disposto e alegre?

A resposta veio em seguida, mas naquele tom calmo, comum aos sábios, ondulante e com todas as pausas:

- Quando eu como, eu como. Quando eu durmo, eu durmo.

Essa pequena história, de nobre mas desconhecida origem oriental, nos dá pistas para investigar um tema que muito nos interessa nos dias de hoje: a dificuldade que temos ao tentar fazer uma coisa de cada vez.

O homem é um ser explorador por natureza. Graças a essa característica espalhou-se pelo planeta, povoando todos os continentes. No entanto, a mais importante das explorações do homem deveria ser a exploração de si mesmo, do seu mundo interior, intrapsíquico, espiritual. O "conhece-te a ti mesmo" socrático encontra apoio na psicologia moderna, que deseja um homem autoconsciente, equilibrado, senhor dos próprios pensamentos e do próprio destino.

A exploração interna, entretanto, tem estado em crise. Informações, tarefas, cobranças, desejos, ofertas, temos tudo em excesso. Não dá tempo para olharmos para dentro, porque temos muito aí fora para olhar.

Além disso, a vida moderna às vezes faz exigências paradoxais. Aquelas que, quando você atende a uma, não pode atender à outra. Manda você estar ligado a todos os assuntos ao mesmo tempo, "antenado", "plugado", "conectado", só para usar alguns dos neologismos pertinentes, mas também manda você ser calmo, sereno e criativo. E dá pra ser tudo isso simultaneamente?

Lembro-me de um amigo praticante de yoga que foi convocado para servir o exército. Ele me disse:

- Está sendo uma boa experiência. A única coisa que não entendo é quando o sargento manda a gente encolher a barriga e encher o peito de ar. Como fazer isso se para respirar fundo eu preciso baixar o diafragma e então não dá para encolher a barriga?

O mundo atualmente também é assim. Manda você respirar fundo e encolher a barriga. O principal de todos os conselhos "modernos" que costumamos receber, e às vezes dar, é que devemos ser "multimídias" - fazer várias coisas, ter diversas habilidades, usar muitos canais de comunicação, mudar de atividade continuamente. Os seres multimídia queixam-se, entretanto, de algumas dificuldades:

É necessário ser especialista e generalista ao mesmo tempo.

Lidar com o volume de informações que, se por um lado são o oxigênio da maioria das profissões, são intoxicantes em função do seu excesso.

Fazer várias coisas ao mesmo tempo com a mesma qualidade obtida em tarefas de dedicação exclusiva.

Multiplicar o tempo, que parece cada vez mais raro e que escorre entre nossos dedos. O homem moderno tem de parar e pensar. Perceber que rupturas não são modernas, mas novas propostas, sim. O moderno sente o presente, olha para o futuro e utiliza o passado como ensinamento. O moderno não despreza o que a humanidade pensou, escreveu e produziu nos últimos seis milênios e sim adapta esse legado à atualidade.

De repente, você se descobre em um mundo com muita atividade, muita informação, muita exigência e pouco tempo. É uma combinação explosiva, cujo resultado pode ser representado por produtividade baixa e estresse alto. A não ser - felizmente sempre há um "a não ser" - que você se organize e não apenas em termos de agenda, mas em termos de qualidade mental. A primeira lição: o cérebro trabalha melhor quanto mais focado estiver. Concentração é sinônimo de qualidade.

Como a luz da lanterna

A esse respeito tanto podemos consultar fisiologistas quanto filósofos. Os primeiros diriam que a competição de estímulos neurais promove a dispersão da recepção e o enfraquecimento de cada estímulo individualmente, provocando diminuição da capacidade receptiva. Quando isso acontece no nível da consciência, há um sensível prejuízo de percepção.

Já um filósofo oriental, como o hindu Paramahansa Yogananda, diria (como já disse): "Uma das principais causas de fracasso no mundo é a falta de concentração. A atenção é como a luz de uma lanterna: quando seus raios são espalhados em uma área vasta, sua habilidade de focalizar um único objeto se torna fraca, mas se focalizado em uma coisa de cada vez, torna-se poderosa. Grandes homens são os de concentração: eles investem todo o poder mental em uma coisa de cada vez".

Com certeza você encontrou semelhança entre os dois pensamentos anteriores e certamente não acredita que seja apenas coincidência que um cientista ocidental e um filósofo oriental tenham chegado à mesma conclusão.

O homem do início do século XXI pensa mais aceleradamente que o do início do século XX. O volume de informações com as quais temos que lidar em nossa rotina diária está chegando perto do limite biológico do ser humano. Até parece ser uma boa coisa, pois o progresso gera informações ao mesmo tempo em que informações geram progresso, mas tem o seu preço.

Os especialistas falam em uma nova síndrome, a SPA, ou Síndrome do Pensamento Acelerado. Ela foi descrita pelo psiquiatra paulista Augusto Jorge Cury, autor de 11 livros, entre eles Inteligência Multifocal e Você é Insubstituível - esse último citado hoje entre os dez mais vendidos por várias semanas. Alguns sintomas: hiperaceleração do pensamento, déficit de concentração, déficit de memória, desgaste de energia no córtex cerebral, irritabilidade, flutuação emocional, bloqueio da criatividade, insatisfação existencial.

Só que o cérebro tem mais juízo que nós. Na vigência de situações estressantes, ele tem a capacidade de fazer alguns bloqueios com a finalidade de economizar energia, o que é um recurso biológico bastante utilizado em toda a natureza.

E os primeiros bloqueios são os da memória, da concentração e da criatividade. Por isso é tão difícil atender à demanda do mundo moderno, que deseja que sejamos multiinformados e criativos ao mesmo tempo. A criatividade depende de serenidade, enquanto a informação excessiva e múltipla aumenta o estresse e bloqueia a criatividade. Impasse!

O mundo das idéias

A memória é, em síntese, um suporte para a criatividade e não um mero depósito de informações. A memória é um conjunto de vários fenômenos, entre eles o fenômeno do autofluxo, que é quando o cérebro lê milhares de arquivos a partir dos quais produz dezenas de milhares de pensamentos diários, criando o chamado "mundo das idéias", a que Platão já se referia.

Tudo isso é bom, porque, assim, o homem rompe sua solidão existencial, uma vez que é o senhor de seus próprios pensamentos. Só que o excesso de inputs e a falta de foco em cada informação individualmente estão provocando fissuras nesse sistema, gerando alguns perigos emocionais. O exercício da memória, em vez de promover entretenimento individual, está gerando terror emocional. Sinal vermelho!

Diz o autor de Inteligência Multifocal: "A inteligência humana é multifocal porque os processos que determinam sua construção são multifocais, como a leitura da memória, a construção das cadeias de pensamentos, as variáveis de interpretação e os fenômenos intrapsíquicos e socioeducacionais. Esses processos co-interferem para construir o espetáculo indescritível da inteligência multifocal do homem".

O pensamento é construído multifocalmente, mas isso está longe de querer significar que podemos nos focar em várias fontes de informação simultâneas, sejam elas externas, do mundo, ou internas, do nosso arquivo mental. Ao contrário. Ao focalizarmos um aspecto do mundo interior ou do meio circundante de cada vez, facilitamos a construção do pensamento e liberamos a criatividade. Informações, interlocuções, projetos; podem e devem ser múltiplos, mas não superpostos.

Comendo todas as frutas

No filme Lendas da Vida, dirigido por Robert Redford, um jovem herói da primeira guerra, Rannulph Januh (Matt Damon), aceita participar de um campeonato de golfe com dois grandes profissionais da época. Contrata como caddy (o auxiliar que carrega os tacos e ajuda a decidir qual a melhor opção para cada jogada) um desconhecido chamado Bagger Venci (Will Smith).

Em uma das cenas mais emocionantes, o caddy insiste que o problema de Januh, que está perdendo a partida, é a falta de concentração, o que prejudica seu balanço. Após a preleção, o jogador encaminha-se para o local da tacada, observa o campo, com todas as árvores e pessoas que compõem a assistência. No instante seguinte, como por mágica, as árvores e as pessoas desaparecem, e ele vê apenas o campo, e lá no fim a bandeira que sinaliza o buraco da vez. O resultado é espetacular, pois a jogada é perfeita e ele começa a virar o jogo.

Seja assim, caro leitor. Faça todos os buracos, um por vez. Não abra mão de nada no mundo; de nenhuma das frutas à disposição na árvore da vida, bem à nossa frente. Mas nunca tente apanhá-las nem saboreá-las todas ao mesmo tempo. Uma de cada vez, ou o engasgo será inevitável.

O físico nos informa que a mesma energia aplicada a dois trabalhos vai provocar sua dispersão. O bioquímico diz que um receptor da membrana de uma célula não receberá dois estímulos químicos ao mesmo tempo. O psicólogo sinaliza para o fato de que dois esforços mentais simultâneos provocarão ansiedade e estresse. E o poeta, o que diz o poeta? Lembro-me de Ascenso Ferreira, em "Filosofia":

Hora de comer - comer!

Hora de dormir - dormir!

Hora de vadiar - vadiar!

Hora de trabalhar?

- Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

Kings of Leon - Use Somebody

domingo, 18 de abril de 2010

Meu fim de semana...

Oi

Não tenho nem palavras para definir este meu fds....dizer q foi o MELHOR fim de semana da minha vida, talvez seja POUCO! Para aqueles que passam por aqui de vez em quando, para meus amigos, para todos q torcem por mim....gente, eu estou mto FELIZ!!!!!!!
Para deixar uma amostrinha da boa energia deste fds, posto abaixo o vídeo do MELHOR show que eu já fui até o momento...valeu a ansiedade, o nervoso, a preocupação, os gastos $$$$, a correria, o cansaço e tudo o mais....ver o Sr Mike Ness e sua banda se apresentando não tem preço (quer dizer foi R$ 60,00 mas valia mto mais!!!!!).

Foi perfeito ver eles tocando seus clássicos. Para melhorar só se eles tocassem Story of My Life e I Was Wrong...mas td bem...eu deixo passar pq foi incrível!!!! Foi um sonho realizado.....

Agradeço tb meu anjinho da guarda q esteve ao meu lado e não arredeu o pé neste sábado e domingo!!!!!! Muiiiiiiiiiiiiiiiiiito obrigada....ele fez a diferença COMPLETAMENTE e tornou esse fds inesquecível!!!!!!!


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Imogen Heap - Hide and Seek

Santos Food Festival

O "Santos Food Festival" é o 1º festival gastronômico de Santos, onde 20 restaurantes da cidade, um de cada especialidade, se unem para oferecer cardápios de alta qualidade por um único preço.

Os Restaurantes são:

AL KABIR (Libanês), BADOVIC (Boteco), BLACK JAW (Choperia), CAFÉ CENTRAL (Café), CANTINA DI LUCCA (italiano, CASA DA VILLA (Variado), CREPERIA DA PRAIA (Creperia), DA SORATA (Mediterrâneao), DECANTER (Contemporâneo), ESTRELA DE OURO (Japonês), GUADALUPE (Mexican), HAMBURGUERIA SANTISTA (Hamburgueria), MAINAH (Árabe), MARIA FARINHA (Vegetariano), OKUMURA (Temakeria), PARQUE BALNEÁRIO (Hotel), PARRILA SAN PABLO (Argentino), PITZAZ (Pizzaria), QUINTA DA XV (Português), TERRA SANTA (Natural).

É bem bacana esta iniciativa pois mtos dos restaurantes acima tem preços um pouco mais salgados e, desta maneira, fica mais acessível para os conhecermos.

Para ver os cardápios é só entrar no site do evento: http://www.santosfoodfestival.com.br/restaurantes-cardapios-santos-festival-food.html

P.S. É importante ressaltar que os preços são fixos. Para almoço o valor é R$ 25,00 e para o jantar o valor é R$ 29,00.

Bjs

quarta-feira, 14 de abril de 2010

14.04.1983

Li essa frase e achei o máximo..não sei se é do Confúcio mesmo...provavelmente não deve ser....

"Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?"
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Porém deixo-os com uma poesia de um dos heterônimos do Fernando Pessoa: "Álvaro de Campos"....q com sua poesia, me toca profundamente.....duvido q vcs tb não se deslumbrem...quem não se deslumbraria? quem não desejaria ter o dom de escrever essas palavras?????

"ANIVERSÁRIO"

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.


Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!


O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje
(e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses!
Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

15-10-1929

The Afghan Whigs

Oi....

Já postei músicas dessa banda....e, na minha opinião - e eu já falei isso aqui tb - "Gentleman" é um dos melhores cds que já foram feitos....não tem igual....ele é perfeito! de fio a pavio.....

Espero q vcs curtam.....preparem os lencinhos.... :))

Bjs




Frase do Dia

terça-feira, 13 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Kit Relaxamento


Às vezes o estresse aparece e deixa tudo mais difícil. A boa notícia é que dá para combatê-lo com a ajuda de aliados simples, que cabem dentro da bolsa. Monte já esse arsenal do bem e mande a tensão para bem longe.

Por Patrícia Affonso

Mais que mil palavras

Muitas vezes, quando algo nos tira do eixo, tudo o que desejamos é ver um rosto amigo. Isso nos faz sentir que, apesar das dificuldades, não estamos sozinhos no mundo e, assim, o peso dos problemas pode ser dividido com alguém, tornando a vida mais leve.
Acontece que nem sempre estamos ao lado da pessoa a quem atribuímos o título de porto seguro. Cada um tem suas obrigações, horários, sem falar daqueles que moram longe. Por isso, é tão comum que as pessoas guardem na carteira fotos daqueles a quem querem bem. Pode ser um parente, amigo, namorado... E não é que a sensação de conforto vem rapidinho ao visualizamos aquele rosto tão querido?

A explicação é que ao observar imagens agradáveis, como fotos de pessoas que amamos, o sistema límbico é estimulado. "Essa é a área do cérebro na qual guardamos as memórias afetivas e onde estão os centros de prazer e bem-estar. Por isso, nos deixa mais serenos", explica a terapeuta comportamental Elza Rodrigues, do espaço holístico ReSinto Terapêutico de São Paulo. E como fotos são recordações e recordar é viver...

A serenidade está no ar

O olfato é um sentido capaz de despertar muitas sensações no ser humano, entre elas, a calma e o relaxamento. Nesse contexto, uma boa alternativa são os óleos essenciais. Algumas gotinhas são suficientes para criar uma esfera que inspira tranquilidade, mesmo em situações onde não temos para onde correr, como em um engarrafamento.

Para relaxar durante o trânsito, a aromaterapeuta Sâmia Maluf indica a combinação dos óleos essenciais de hortelã-pimenta e laranja. "Misture 20 gotas de cada um deles e coloque em um pequeno frasco. Abra-o quando entrar no carro e deixe-o assim por alguns minutos, até o aroma se espalhar", ensina. Eles agem limpando a mente, estimulando a concentração e têm ainda efeito revigorante. Mas, se no seu caso o estresse é tão grande que está fazendo você perder preciosas noites de sono, aposte no óleo essencial de lavanda. É possível utilizá-lo no aromatizador plug-in ou misturar de 3 a 6 gotas em 10 mililitros de creme hidratante e passar no corpo antes de deitar.

Ah, chocolate!

Engana-se quem acredita que comer chocolate durante as crises nervosas é apenas uma mania feminina sem fundamento. O alimento contém um aminoácido chamado triptofano, cuja função é estimular a produção de serotonina. Essa substância está associada às sensações de contentamento e prazer, que ajudam a reduzir a tensão. "Além disso, o chocolate possui outros compostos que melhoram o humor e controlam a ansiedade", comenta a especialista em nutrição funcional Daniela Jobst. Por isso, vale, sim, carregar um tabletinho para adoçar a vida nos momentos mais estressantes. A melhor alternativa é o chocolate meio amargo, que contém menor concentração de gordura. Mas mesmo nessa versão, nada de exageros, ok? Essa não deve ser a sua única fonte de satisfação.

Leia um bom livro

Algumas vezes, tudo o que precisamos para relaxar é desviar o foco de uma determinada situação ou problema. Isso se aplica, principalmente, para aqueles dias em que ficamos remoendo o que nos aborreceu por horas a fio, sem encontrar nenhuma saída adequada. Uma sugestão é escolher um bom livro, do gênero de sua preferência, e viver outra realidade por alguns minutos.

Pode ser uma trama engraçada, romântica, intrigante, qualquer coisa que atraia sua atenção... É que quando lemos um livro, sentimos um pouco das vivências do personagem. Rimos, choramos, refletimos, sonhamos com ele. E essa distração pode ser a chave do relaxamento. "A leitura nos propicia um intervalo, uma trégua entre nós e os conflitos que nos perturbam. Muitas vezes, esse respiro é suficiente para nos trazer outra perspectiva", pondera Elza Rodrigues.

Aceita um chá?

Você certamente já ouviu a frase "nada como um chá quentinho para acalmar os ânimos". Os orientais são grandes apreciadores da bebida e aproveitam suas propriedades funcionais para uma série de fins, até para o relaxamento. Para isso, os tipos mais utilizados são o de camomila (Matricaria chamomilla) e erva-cidreira (Melissa officinalis). "Essas ervas possuem substâncias que atuam no controle da ansiedade e nos conferem a sensação de bem-estar", atesta a nutróloga Samantha Enande, de São Paulo. Fácil de levar na bolsa ou guardar na gaveta do escritório, os chás em formato de sachê podem ser muito úteis para quem precisa recobrar o equilíbrio. Vale, também, para aquele frio na barriga que teima em aparecer antes de uma ocasião importante.

Barulhinho bom...

Tem gente que não gosta de praia. Tem gente que não gosta de comida sem tempero. Mas você já ouviu alguém dizendo que não gosta de música? Difícil, né? E não se trata apenas do som. Algumas canções vão mais além: parecem expressar tudo aquilo que estamos sentindo, seja por meio de doçura, protesto, felicidade, sarcasmo, humor... "Assim como as fotografias, a música nos traz lembranças agradáveis e estimulam hormônios ligados ao prazer e à alegria", comenta a terapeuta Elza Rodrigues. Então, não precisa nem pensar duas vezes: colocar aquela música que você adora é um ótimo passo para embalar a leveza da alma. Melhor ainda se puder cantar e dançar junto. Mas se estiver em um local com outras pessoas, use fones de ouvido.

O estilo que soa como um bálsamo para os seus ouvidos pode ser intolerável para seu colega ao lado. Aí, o efeito é o contrário. Em vez de acalmar, você acaba causando irritação.

Para ler mais: http://revistavidanatural.uol.com.br/saude-alimentos/35/artigo164587-1.asp

Social Distortion, agora falta pouco!

Olá!

É mto engraçado, quando eu falo q vou no Via Funchal assistir o show desta banda, TODO mundo me pergunta: "Quem?". Venho chegando a conclusão q essa é uma banda que com certeza foi subestimada, sabe? Pq eles não deixam nada a dever para os Ramones, The Clash, Misfits, Bad Religion, etc....

O q me conforta é entrar nas comunidades ou nos fóruns de sites e ler q tem gente tão ou mais ansiosa com esse show do que eu!!! Ainda bem!!!!!!!!

Mas para quem não conhece, Social Distortion é uma banda punk californiana q já existe há uns 30 anos....quando o Mike Ness (vocalista) começou ele tinha apenas 17 anos...agora ele já está ficando velhinho, mas espero q ele e outros integrantes mostrem toda energia q eu aprendi a gostar desde q escutei: Story Of My Life, I Was Wrong, Ball And Chain, Bad Luck, Prison Bound, When The Angels Sing, Cold Feelings, Mommy's Litlle Monster, Another State Of Mind, Sometimes I Do e tantas outras...

Bom, deixo-os com o cover q eles fizeram para uma música do Johnny Cash: Ring of Fire.

Bjs


Mário Quintana - Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...

A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos

Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,

Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos

Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:

Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,

Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança

Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho

Nas tuas mãos distraídas...

LOST - Última Temporada


Olá!

Faz tempo que eu não falo de séries aqui, né??? Ultimamente tenho assistido "The Pacific", "Fringe", "Grey`s Anatomy", "House", "The Mentalist", "Criminal Minds" e "Lost", ufa!!!! hehe

Antes eu assistia Lost pelo AXN mas atualmente eu não tenho conseguido resistir a curiosidade e mal o pessoal das comunidades do orkut colocam as legendas eu já me ponho a fazer o download....

Essa semana aconteceu uma coisa engraçada assistindo Lost: eu (quase) chorei. Acho isso bem interessante, pq Lost não é esse tipo de série...Lost t deixa pregado na cadeira, Lost mexe com seus neurônios, Lost aguça sua curiosidade, mas Lost não te emociona...mas neste último capítulo (Happily Ever After), q tratou de um dos meus personagens preferidos o "brotha" Desmond, eu não consegui me conter....o capítulo conseguiu ser emocionante e ao mesmo tempo coerente! Quem é q não gostaria de ser a musa do Desmond, a Penny?????

O rumo que Lost vem tomando nesta atual e derradeira temporada está cada vez mais interessante...é claro que ainda tem vááááários mistérios para eles explicarem e mtos fãs vão ficar pensando "ah, era só isso", mas eu acho q Lost está no caminho certo....faltando cerca de 1 mês para acabar, Lost já vai deixando saudade e um gostinho de quero mais.....

E quem sabe a série não nos surpreenda novamente, certo??

Ah, para quem já desistiu de Lost por achar q estava ficando mto sem pé nem cabeça e para quem não se viciou na série, pelo mesmo motivo, trate de se atualizar e fazer um intensivão nas temporadas anteriores, porque DEFINITIVAMENTE vale a pena!!!!!!!

E tenho dito! hehehehehe

Bjsss

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cults - Go Outside

Contardo Calligaris - Cuidado com o peso e a forma


NA SEMANA passada, celebrando o Pessach ou a Páscoa, muitos jantaram ou almoçaram em família. Aposto que, em algum momento, diante da fartura e das guloseimas que estavam na mesa, a conversa tratou dos planos e dos esforços de cada um para manter a linha, emagrecer ou aumentar de peso (músculos, não gordura, é claro), em suma, para conseguir dar ao corpo uma forma "satisfatória".

Para essa conversa acontecer, não foi preciso que houvesse magros ou obesos ao redor da mesa. A inquietação com o peso e a forma não é efeito do estado de nosso corpo. Ela se tornou onipresente nas últimas duas ou três décadas: sua difusão coincide com o aumento dos transtornos alimentares (supostas epidemias de bulimia e anorexia), mas é, de fato, uma espécie de transtorno alimentar em si, um transtorno alimentar da conversa e do pensamento.

É citada por toda parte (sem mais precisões) uma pesquisa segundo a qual 81% das crianças (norte-americanas) de 10 anos estariam com medo de ser gordas, e 50% das meninas dessa idade declarariam estar fazendo um regime. Agradeceria aos leitores que me ajudassem a encontrar o texto original dessa pesquisa, que, segundo algumas fontes, seria do começo dos anos 90. De qualquer forma, mesmo que a dita pesquisa seja uma lenda, sua popularidade confirma um fenômeno que todos verificamos a cada dia: hoje, a forma e o peso preocupam até as crianças.

Nesta altura, seriam esperadas acusações contra nossos hábitos alimentares, contra a vida sedentária e contra os ideais impossíveis promovidos pela cultura de massa e pela indústria do regime e da forma física. Em suma, estaríamos todos pensando no peso por culpa da preguiça, do McDonald's, da Barbie e do G.I. Joe, bonecos que parecem ter sido inventados para que, desde a infância, ninguém se contente com o corpo que tem.

É com essa expectativa que li o número de fevereiro de "Counseling Today" (revista da American Counseling Association), consagrado a transtornos alimentares e imagem do corpo. Expectativa frustrada, felizmente: num longo artigo sobre a obsessão com o peso, é entrevistada uma terapeuta, Anna Viviani, que oferece uma explicação específica por nosso interesse pelo peso e pela forma com ou sem transtornos alimentares propriamente ditos.

Resumindo, ela entende assim: quando alguém sente que tudo na sua vida está fora de controle, ele sente também que os alimentos, o peso, o exercício são coisas que, em princípio, ele poderia controlar.

Tanto faz, aliás, que alguém consiga seguir um regime à risca, emagrecer ou aumentar de peso e fazer ginástica regularmente. O que importa é que as consultas, as propostas, as leituras e as conversas intermináveis sobre dieta e exercício têm um valor em si: elas mantêm viva a promessa de um controle -que é difícil, mas que é, em tese, possível.

À diferença do que acontece, em geral, com nossa vida amorosa e profissional, acreditamos (com uma certa razão) que nosso peso e nossa forma dependem de nós.Nesse campo, podemos não fazer o necessário, mas sempre se trata de um não fazer "ainda": um dia, faremos e, quando fizermos o necessário, controlaremos nosso peso e nossa forma.

É tentador propor uma equação: quanto menos estamos em controle de nossa vida (amorosa, profissional, social e mesmo moral), tanto mais nos preocupamos com peso e forma, que, bem ou mal, podem ser controlados.

Numa direção parecida, na mesma matéria, outra terapeuta, Erica Ritzu, resume assim a fala de um paciente com transtornos alimentares: "Se você não me escuta e não deixa nunca que minha opinião conte, posso ao menos escolher não comer nada".

De repente, a greve de fome dos presos políticos pode ser um modelo para entender o que acontece nos transtornos alimentares e em nossa preocupação com peso e forma.

Certo, na greve de fome, os presos põem a vida em risco para promover uma causa (a sua própria ou outra). Mas eles também exercem, heroicamente, o que lhes sobra de liberdade; eles não são escutados, estão encarcerados, não podem nada, mas há algo que eles controlam: sua própria ingestão de alimentos. É o que sugere Anna Viviani, ao interpretar nossa obsessão com regime e exercício: quem não controla nada, pode, como último recurso, controlar sua alimentação, seu peso e sua forma.

Bom, só resta admitir que não controlamos nada, como os presos.


Na vizinhança do mal - Dulce Critelli


Sócrates tinha razão: uma vida sem reflexão não vale a pena. A vida é provocativa, sempre.

Com o julgamento dos acusados pela morte de Isabella, fui provocada a pensar na esperança que algumas pessoas manifestavam de ouvir uma confissão dos incriminados e na expectativa pela condenação.

Um mal não punido é um mal aceito. Como viver numa sociedade que abriga o mal e o considera lícito? Se fazer o mal é uma escolha, incorporá-lo à estrutura social é intolerável.

Muito antes de toda filosofia, os homens já afirmavam, nos mitos, sua recusa ao mal, a exemplo da história bíblica de Caim, que, por inveja e ciúme, mata seu irmão Abel. Deus condena Caim.

Não haveria no mundo lugar nem para ele nem para o mal. Só o mal que fazemos sem saber e sem querer pode ser perdoado. O mal intencional, mesmo que explicado, é injustificável e só lhe cabe o castigo. Acho que nos é mais suportável viver na iminência da própria morte do que na vizinhança do mal.

Essa é a razão de muitas pessoas ansiarem por uma confissão do autor de um crime. Nela estão presentes a aceitação da culpa, os motivos e algum arrependimento. O autor do delito ganha de volta, com isso, a humanidade obscurecida pelo seu gesto. Ele pode obter ao menos a nossa compreensão.

Se alguém é responsável por um crime e insiste em negar sua autoria, parece dizer que não se importa com nosso julgamento nem julga a si mesmo. Viver entre homens e formar com eles uma comunidade torna-se esforço sem sentido.

O filósofo Karl Jaspers por anos cobra de Heidegger uma explicação por sua adesão ao nazismo. Não quer condenar Heidegger, mas quer conhecer suas razões. Heidegger jamais lhe ofereceu resposta.

Heidegger pode não ter cometido nenhum crime, mas se colocou à parte e acima da vida social, do bem e do mal. Um grande número de pessoas age como ele quando acredita que não tem que dar satisfação de sua vida e de suas escolhas a ninguém.

Este autismo social não apenas tem sido aceito pela nossa cultura como é incentivado. É um comportamento que está na raiz da banalização do mal. Ele cria a crença equívoca de que alguns homens são inimputáveis. Nossa política é construída sobre essa base.

A defesa da inimputabilidade é um dos mais arrogantes crimes contra a humanidade. Diferente do que fez Louis Althusser, filósofo francês que estrangulou a mulher amada durante um surto psicótico. Depois do acontecido, Althusser esteve internado durante anos para tratamento.

Quando tomou conhecimento do que fizera, inclusive de que fora dado como inimputável, exigiu ser julgado de novo. Era-lhe insuportável não se reconhecer e não ser reconhecido como o autor dos seus atos.

Quando não somos responsabilizados e julgados por nossos atos, somos despedidos da nossa própria identidade. Não temos autoria da própria existência. Não somos ninguém.


DULCE CRITELLI , terapeuta existencial e professora de filosofia da PUC-SP, é autora de "Educação e Dominação Cultural" e "Analítica de Sentido" e coordenadora do Existentia - Centro de Orientação e Estudos da Condição Humana.

dulcecritelli@existentia.com.br

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0804201001.htm

quinta-feira, 8 de abril de 2010

The Strokes - Someday



No, I ain't wastin' no more time....

Sem medo de ser sozinho...


FERNANDA JUNQUEIRA / Colaboração para o UOL

A sociedade impõe, implícita ou explicitamente, que para ser feliz é preciso ter alguém. A mensagem está nas novelas, nas músicas, nos filmes, nos comerciais. Mas, e as pessoas que ainda não encontraram a sua tampa da panela? Estão condenadas à rejeição, à tristeza, a fazer parte das mesas das crianças nas festas de casamento? Segundo os especialistas, um relacionamento amoroso, é claro, só acrescenta à existência. Para a psicóloga Roseana Ribeiro, do Rio de Janeiro, encontrar a cara-metade é necessário não para ser feliz, mas para viver bem de acordo com a nossa natureza. Ela avisa que o encontro não é uma façanha fácil, mas nada é impossível se estivermos abertos aos bons encontros.


A especialista destaca, porém, que existe uma diferença gritante entre “estar sozinho” e “estar solitário”. “Estar solitário é viver com uma lacuna por preencher, é estar perdido em si mesmo, sem esperança de um dia melhor. Não é um estado que escolhemos, é um estado que decorre de uma série de questões. Uma delas pode ser a frustração de ter perdido ou o medo de perder o que nem existe ainda. Há os que preferem a sensação dormente da solidão à dor de tentar acordar para a vida”, teoriza. Já estar sozinho é estar consigo mesmo e, ao mesmo tempo, aberto para novos encontros. “O importante é que a pessoa não concorde com este estado, mas aceite”, conclui Roseana. Isso evita, por exemplo, o isolamento. “Por mais incrível que pareça, sozinho também pode ser estar na companhia de apenas uma pessoa: por exemplo, a própria pessoa”, argumenta Paulo G. P. Tessarioli, psicólogo com título de especialista em sexualidade humana, de São Paulo. “Quando se diz: ‘quero ficar sozinha’, provavelmente, a pessoa está querendo dizer que quer ficar a sós com ela mesma. É possível também ficar sozinha com alguém. Para mim, solitário é aquele indivíduo que prefere o isolamento e que, muitas vezes, se aborrece com os outros, ou que frequentemente critica as pessoas e até mesmo a sociedade e sai de cena, não convive com os demais, com os seus semelhantes”, opina.


Fora de controle


Ou seja, é possível ser feliz sozinho, sim; tudo depende da maneira com que a pessoa encara isso, pois há quem apele, mesmo sem perceber, para mecanismos de fuga. Um dos riscos mais comuns é extravasar o afeto cuidando de um bichinho de estimação. “Ter animal de estimação é fantástico e traz muita alegria para o lar. Entretanto, nada melhor do que gente como a gente para que possamos evoluir, não é? Como evoluir se não trocar ideias, mudar de ideia e discutir com alguém?”, pondera a psicóloga Roseana Ribeiro.


“Na maioria dos casos, essas relações ultrapassam as fronteiras do imaginário, transformando animais em pseudo-seres humanos, ou seja, os tais animais passam a ter um status humano e são vistos como tal. É importante que se diga: tratar bem os animais de estimação é uma obrigação de quem os quer por perto, mas animais não são seres humanos”, ressalta o psicólogo Paulo Tessarioli. Outro perigo de quem vive sozinho – principalmente de quem mora só – é adquirir um monte de manias, como organizar tudo de um jeito metódico ou simplesmente não arrumar nada e deixar a casa uma verdadeira bagunça.


Cobranças

Já quem é bem resolvido com a escolha (ainda que involuntária) de estar “avulso” tem de lidar, em geral, com as cobranças alheias – como a da tia idosa que sempre pergunta à sobrinha quando vai casar ou, pior, “desencalhar”. A pressão familiar, de acordo com Paulo Tessarioli, é um reflexo do comportamento típico de nossa sociedade. “Há uma cultura, velada, de dependência emocional, ou seja, a sociedade nos faz acreditar que a felicidade está em conviver com alguém. Essa pressão pode estar relacionada à necessidade de se constituir famílias. Porém, hoje, não faz mais sentido algum. Infelizmente, penso que vai demorar um pouco para que isso mude.” A dica é não se irritar com perguntas inconvenientes.

A cobrança dos amigos também deve ser encarada com naturalidade. Toda escolha tem seu preço. “Vale ressaltar que estar sozinho é uma escolha que muitas vezes está na contramão do que se espera socialmente de mulheres e homens. Esperar que as pessoas, de um modo geral, entendam e até apóiem essa escolha é querer demais”, diz Paulo. Por isso, nada de temer passar recibo de “vela” se for convidado (a) a participar de um jantar ou balada em que só vão casais ou de fugir de situações em que a turma quer apresentar alguém especial. A melhor forma é tratar esse assunto com descontração. Caso já tenha se convencido de que não existe pessoa perfeita e que só se conhece alguém, realmente, a partir da convivência, você nem vai se incomodar com as interferências alheias.

Para finalizar, nem sempre quem está rodeado de gente está bem acompanhado ou se sente assim. “Muitas vezes a pessoa em questão pode estar fechada a relacionamentos ou está emocionalmente pouco acessível, numa posição defensiva, o que dificulta que qualquer pessoa, mesmo que bem intencionada, se aproxime. Sabe aquela máxima de que não existe ninguém interessante? Difícil? Por mais incrível que pareça, é mais fácil se justificar dessa forma do que olhar para dentro de si mesma e buscar respostas para o que está acontecendo”, conclui Paulo.


http://estilo.uol.com.br/comportamento/ultnot/2010/04/04/sem-medo-de-ser-sozinho.jhtm

The Wallflowers

Olá!

Hj estava no ônibus escutando meu mp3 e coloquei na rádio....estava tocando esta banda...fazia séculos q eu não a escutava....ô nostalgia....

The Wallflowers me lembra o colegial e, principalmente a Andreia....e só de pensar nela e no quanto ela está longe já me dá uma saudadeeeeeeeee gigante....acho q ela tb não ouve mais essa banda....

Mas que é uma boa lembrança do passado, isso é...pelo menos pra mim!!

Bjss





terça-feira, 6 de abril de 2010

Café Filosófico, nova temporada, em Santos


Olá!

Recebi por email e divulgo pra vocês.

A CPFL Cultura em Santos retoma no dia 8 de abril, às 19h, a programação do Café Filosófico CPFL com a série Rockfilosofia, que tem curadoria da filósofa Marcia Tiburi e do músico Fernando Chuí.

Trata-se de uma série de quatro encontros acerca da ponte conceitual – e estética - possível entre o rock e a filosofia, traçando afinidades entre obras de nomes importantes do rock e a poética encontrada em suas canções com as correntes filosóficas ao longo da história das principais filosofias do século XX.

A filosofia foi bem traduzida pelo rock no imaginário adolescente do século XX, à medida que as bandas e suas canções compõem um verdadeiro roteiro da tentativa jovem de fazer sentido, de contornar o vazio providenciado pela vida nas cidades grandes, na sociedade digital e globalizada, na sociedade do espetáculo.

“É claro que o rock também é resultado direto da sociedade do espetáculo mas, ao mesmo tempo, é aquilo que vem denunciar os abusos dos preconceitos desta mesma sociedade. Busca-se a afinidade entre os músicos e os filósofos em uma comparação ao mesmo tempo séria e divertida”, adiantam os curadores.

“O objetivo da série é provocar pensamentos sobre o que se ouve, percebendo o que há além de sons e letras, quais as conexões com o estado da cultura, com o espírito do tempo, com as questões que se tornaram decisivas enquanto apareciam apenas como mero entretenimento da juventude”.

A programação da CPFL Cultura em Santos é realizada no Auditório da CPFL Piratininga (Praça dos Andradas, 31 - Centro), com entrada gratuita.

Mais informações no site http://www.cpflcultura.com.br/ ou pelo telefone (19) 3756-8000.

Programação

8 de abril – 19h

“Rock and Roll – A invenção da adolescência entre a indústria e a angústia cultural: Chuck Berry e Elvis Presley” Com Marcia Tiburi, filósofa, e Fernando Chuí, músico.

15 de abril – 19h

“Para uma metafísica do rock: Bob Dylan, Frank Zappa e Gilles Deleuze” Com Daniel Lins, filósofo.

22 de abril – 19h

“Rock and Roll e as Drogas: Psicodelia, Beatles e Jimmy Hendrix” Com Fernando Chuí, músico.

29 de abril – 19h

“Radiohead e Flusser: a lírica do homem máquina” Com Marcia Tiburi, filósofa.

She & Him - Why Do You Let Me Stay Here?





Eu amo essa música. MUITO.

why do you let me stay here, all by myself?
why don't you come and play here?
i'm just sitting on the shelf
why don't you sit right down and stay a while?
we like the same things and i like your style
it's not a secret, why do you keep it?
i'm just sitting on the shelf
i gotta get you presents,
let's make it known
i think you're just so pleasant,
i'd like you for my own
why don't you sit right down and make me smile?
you make me feel like i am just a child
why do you edit?
just give me credit
i'm just sitting on the shelf

Danuza Leão - Segredos


DENTRO DE cada coração há um segredo guardado, um segredo que jamais será contado à melhor amiga, nem ao padre nem ao psicanalista. Não que seja algo que deva ser escondido, mas é uma coisa que não poderá, jamais, ser dividida com ninguém: é uma coisa só sua. Pode se tratar de um fato que aconteceu e que seria um escândalo se alguém soubesse, uma linda história de amor ou apenas um delírio de imaginação, mas dele ninguém vai saber, nunca.

Virou uma mania contar tudo que nos acontece; mas as mais graves, mais sérias, que vêm lá do fundo, essas não se conta a ninguém. A gente pensa que certos pensamentos só acontecem com mulheres muito bonitas e homens muito interessantes, gente que já percorreu o mundo e passou por todas as experiências: ledo engano. Na vida da mais humilde lavadeira da periferia podem ter acontecido coisas que fariam inveja à mais bela e elegante mulher da cidade, que talvez por cuidar tanto de sua beleza e de sua elegância nunca perdeu tempo olhando seu próprio coração.

Quando estiver num lugar cheio de gente, comece a prestar atenção às pessoas, mas uma atenção diferente, mais cuidadosa. Vai perceber que a mais escandalosamente linda de todas, aquela cujo decote vai até o umbigo, e que a fenda da saia vai até a cintura, não está vestida dessa maneira para verdadeiramente conquistar um homem, mas sim para conquistar todos eles; e todos, nesse caso, quer dizer nenhum.

Em algum canto dessa festa vai haver uma mulher absolutamente normal, de uma idade mais pra lá do que pra cá, conversando com uma amiga; uma daquelas mulheres que se olha e sobre a qual não se pensa nada -ou se pensa, é que ela namorou, noivou, casou, teve filhos, foi fiel e que sua vida foi de um tédio atroz. Pois é aí que pode -e geralmente está- o engano.

Essas, se é que viveram mesmo uma vida sem grandes e trepidantes histórias de amor, costumam ter tido desejos intensos e inconfessáveis, e quanto mais castas tiverem sido, maior a quantidade deles. Vamos deixar bem claro que desejar não é cometer nenhuma infidelidade. Por isso, nada mais natural que isso tenha acontecido com nossas mães, tias e avós.

Talvez, na época pré-Freud, elas não conseguissem identificar com clareza o que estava acontecendo, mas se pensarem agora sobre o medo que alguns homens lhes causavam, o pânico de ficar sozinha na sala com alguns deles e a aversão intensa que outros lhes provocavam, visto sob uma ótica mais moderna e esclarecida, poderia ser medo não deles, mas do desejo delas próprias; medo de se atirar no pescoço de um cunhado ou do filho do farmacêutico, que pela idade poderia ser seu próprio filho.

Quando estiver numa daquelas reuniões de família com aquelas tias que nunca perderam uma missa em toda sua existência, ofereça um licor e puxe pela sua língua.Ela não vai dizer tudo, claro, até porque não sabe direito, mas não vai ser difícil para você desvendar os mistérios que se escondem naquele coração.

E se quiser ser bem pérfida, puxe pela vida das outras, procure -sutilmente, claro -saber dos podres da família. Ou vai dizer que na sua nunca teve nenhum?E quando olhar para sua avó, tão distinta, com os cabelos tão brancos, com um ar tão distante, imagine as loucuras que não devem ter passado pela cabeça dela.

Ou que talvez ainda estejam passando.

sábado, 3 de abril de 2010

Ilha do Medo (Shutter Island)

Olá!!

Ontem - finalmente - assisti ao filme "Ilha do Medo". Devo dizer que não é um filme "fácil": é longo, arrastado, cheio de simbologia e parece uma disputa entre gato e rato. Além disso nos coloca na posição de detetives sempre adicionando detalhes e nos confundindo.....

É imprescindível falar q Ilha do Medo é obra do sensacional diretor Martin Scorcese (ele merece um post especial, futuramente!!). Definitivamente ele saiu da zona de conforto ao fazer esse thriller psicológico....a maneira como ele nos envolve com a história e nos coloca naquele hospital psiquiátrico é perfeita.....

Além disso, o filme conta com um elenco incrível, mas destaco esses dois abaixo:

Leonardo DiCaprio "é" um atormentado policial federal, cheio de traumas do passado....
Ben Kingsley "é" um dos psiquiatras da Instituição e é capaz de fazer a gente duvidar da nossa própria insanidade, tal a veracidade com que ele interpreta o personagem.....

Além disso, tb participam o Mark Ruffalo, a Michelle Williams, a Patricia Clarkson, etc...

Não vou falar mais nd pra não soltar nenhum spoiler do filme.....e apesar de não ter um final extremamente surpreendente, ainda sim impressiona e mostra o quanto o filme funciona bem....

Espero q vcs tb gostem!

Para variar, leiam a crítica do Villaça q é bem rica em detalhes: http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7540&id_filme=6748&aba=critica

Bjss

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Donavon Frankenreiter - Move By Yourself

Escutatório - Rubem Alves


Olá!

Ainda falando sobre a arte de escutar, posto aqui um texto q li no início da facul (há quase 10 anos atrás) e q reli recentemente.

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Escutatório

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.Escutar é complicado e sutil.

Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.

Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus.

Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.

Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem.

No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)

Spa Week


Olá pessoal...

Pela 2ª, São Paulo realiza o evento SPA Week, q democratiza tratamentos q costumam ser um pouco carinhos. Entre os dias 10 e 24 de Abril alguns spas vão oferecer até 03 tratamentos ao preço de R$ 70,00 cada.

Para maiores informações é só entrar nesse site: http://www.spaweek.com.br/participantes.asp?uf=SP

Bjs e aproveitem..

Pai...parabéns!


"Para compreender os pais é preciso ter filhos."
Sofocleto