O que Marília Gabriela, Oprah Winfrey, Maria Alice Guedes, Regina Volpato, Ronnie Von e até os irreverentes repórteres do programa C.Q.C. (Custe o que Custar) têm em comum?
- Eles sabem perguntar!
E como dizia Lampião: Quem pergunta quer saber!
Querer saber mais sobre o outro é uma atitude, que antes de qualquer coisa denota interesse.
Pode-se ensinar diversas técnicas de entrevista para alguém, mas raramente o querer saber perguntar, ou entrevistar, chegará a contento se o envolvido não quiser saber do outro.
Entrevista é um processo relacional. Envolve dois seres humanos e não é à toa que a palavra significa “entre as vistas”. Ou seja, olho no olho, cara a cara.
Quantos entrevistadores, sejam eles repórteres, jornalistas, selecionadores, palestrantes, facilitadores de grupos, gestores, que você conhece são capazes de saber perguntar? A grande maioria é absolutamente mecânica naquilo que faz, ou seja, pouco se interessa pela pessoa que está à sua frente numa entrevista.
- Eles sabem perguntar!
E como dizia Lampião: Quem pergunta quer saber!
Querer saber mais sobre o outro é uma atitude, que antes de qualquer coisa denota interesse.
Pode-se ensinar diversas técnicas de entrevista para alguém, mas raramente o querer saber perguntar, ou entrevistar, chegará a contento se o envolvido não quiser saber do outro.
Entrevista é um processo relacional. Envolve dois seres humanos e não é à toa que a palavra significa “entre as vistas”. Ou seja, olho no olho, cara a cara.
Quantos entrevistadores, sejam eles repórteres, jornalistas, selecionadores, palestrantes, facilitadores de grupos, gestores, que você conhece são capazes de saber perguntar? A grande maioria é absolutamente mecânica naquilo que faz, ou seja, pouco se interessa pela pessoa que está à sua frente numa entrevista.
Você deve se lembrar do caso Isabela Nardoni, e de algumas perguntas feitas aos parentes e ao promotor do caso sem o menor sentido e até respeito. Como se pode perguntar a um avô que acabou de perder a neta de forma trágica o seguinte: “Como o Sr. está se sentindo?” Você deve ter também um amigo que participou de uma entrevista imbecil para uma vaga de emprego. Ou outro que participou de um curso ou palestra em que o condutor apenas estava interessado em “passar a mensagem” (a dele), pouco se importando ou dando sinais de interesse para com o seu público.
Quem sabe perguntar não o faz de qualquer jeito, apenas cumprindo uma obrigação enfadonha do trabalho. Precisa gostar.
Além de interesse, inteligência é fundamental. Um entrevistador “na média” ou abaixo dela não é capaz de se articular, nem de “enganchar assuntos” com seu entrevistado. Terá que seguir um modelo de perguntas, e perderá, com este planejamento bobo, aquilo que seu entrevistado está lhe falando no momento. Inteligência pressupõe conhecimento. Impossível e desanimador ser entrevistado por alguém que está aquém deste requisito.
Lembro-me quando fui entrevistada há alguns anos no Programa Sexo Falado da All TV, sobre um dos temas que trabalho que é o Universo Feminino, e tive a sorte de contar com dois excelentes entrevistadores: a Maria Alice Guedes (ex-Band) e o Vinicius (que agora eu não lembro o sobrenome). Apesar da entrevista ter sido longa, cerca de duas horas, eu mal percebi o tempo passar. Os entrevistadores denotaram inteligência, conhecimento do assunto que eu falava, respeito e interesse pela minha pessoa e emoção – que, segundo a grande atriz Denise Stoklos, é o ingrediente fundamental da comunicação.
Comunicação sem emoção, cá entre nós, “ninguém merece”. Ser entrevistado por pessoas distantes, que falam baixinho, ou rápido demais ou poupam gestos espontâneos, é desanimador.
Preparar-se para uma entrevista em qualquer profissão é fundamental. E planejamento nada tem a ver com “decorar” perguntas, mas sim conhecer o entrevistado ou o tema que ele desenvolve. Já fui entrevistada por pessoas que mal conheciam os temas que trabalho. Algumas chegaram ao ponto de ser infantis: riam na hora errada, ridicularizavam conceitos que não conheciam, faziam conchavos com a platéia, e por aí vai. Respeitar o ser humano que se entrevista faz toda a diferença, mas só bons perguntadores sabem fazer isto.
Emoção, interesse, preparação, inteligência, articulação, atenção, gesticulação adequada e boa voz são os ingredientes ou competências fundamentais para todos aqueles que pretendem assumir o ofício da entrevista.
Quem quer se tornar um bom entrevistador em qualquer profissão poderá prestar muita atenção aos bons entrevistadores da TV. Mas de novo é preciso “querer” (atitude) observar. Leitura é fundamental. Não dos livros da lista dos mais vendidos, mas aqueles bons e raros encontrados nos sebos, preferencialmente os de literatura e mitologia. Quem lê este tipo de coisa, menos comum, desenvolve argumentos inteligentes, fundamentais no momento de entrevistar. Cuidar da voz, fazendo exercícios vocais. Aulas de canto ajudam bastante, e até sessões com uma fonoaudióloga, se for o caso.
Aprender técnicas de entrevista não é seguir um modelo. A palavra técnica significa “jeito de fazer”, e cada um só se tornará um grande entrevistador respeitando as suas características individuais. Um roteiro de perguntas poderá ajudar apenas no início.
O entrevistador hoje em dia necessita estar à altura do entrevistado. Para uma entrevista de emprego, por exemplo, muitos candidatos estudam a empresa que os chamou para a entrevista. Fico me perguntando quantos são os selecionadores que antes de uma entrevista estudaram as empresas que estão no CV do candidato.
Estudar e pesquisar são exercícios eternos para todos aqueles que pretendem se tornar entrevistadores. Ou você acha que os exemplos de profissionais que citei logo no início deste texto são de pessoas acomodadas ou que copiam modelos de entrevista de qualquer natureza?
Lembre-se que o conhecimento é a base de tudo. E conhecimento só se adquire indo atrás, e normalmente pelos meios menos convencionais. Fazer o que todo mundo faz é fácil, mas nada agrega. Relacionar-se com um excelente entrevistador é ter, na visão do entrevistado, uma ampliação da própria percepção dos fatos. Bons entrevistadores sempre estão dispostos a nos fazer refletir através de suas perguntas!
Afinal se perguntar serve para alguma coisa é para fazer pensar. E é assim, neste processo, que nos transformamos.
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