Especialista da Unifesp diz que azar depende de visão dos fatos.Pensar em coisas positivas ajuda a reverter medo da data.
Poucos eventos, salvo um espelho quebrado ou um gato preto cruzando o caminho, competem com a sexta-feira 13. Para muitas pessoas, nada é capaz de trazer mais azar do que a temida data. E, em 2009, além desta, haverá ainda outras duas: em março e em novembro. Mas e se a sexta-feira 13 puder se tornar um dia de sorte?
De acordo com o psicólogo Marcos Maximiniano, do departamento de psicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mais do que superstição, o azar atribuído a este dia depende mesmo é do modo como as pessoas encaram certos acontecimentos.
“Em primeiro lugar, temos que definir o que são o comportamento e o pensamento supersticiosos. Eles surgem através de uma inclinação que os humanos têm para estabelecer padrões, significados para as coisas”, explica Maximiniano.
Segundo o psicólogo, a mente humana se distingue por atribuir significado aos estímulos que recebe. Nesse processo, o homem muitas vezes procura estabelecer associações entre acontecimentos, mesmo que a relação entre causa e efeito entre eles não seja perceptível. “A superstição ocorre toda vez que não consigo estabelecer uma relação de causa e efeito entre dois eventos, mas noto coincidências entre eles”, diz.
“Podemos considerar um exemplo: eu passo frequentemente por uma certa rua e todas as vezes acontece algo desagradável. Num dia eu piso em uma poça de lama, no outro sou assaltado, em um terceiro episódio acabo presenciando um acidente de trânsito, etc. Posso chegar à conclusão de que aquela rua me dá azar. Passo a interpretar os fatos de maneira preconcebida.”
Para Maximiniano, a sexta-feira 13 é fruto de uma associação que o imaginário popular estabeleceu entre a data e o azar. Com isso, as pessoas ficam predispostas a interpretar como má sorte qualquer coisa mínima que possa acontecer nesse dia. Fatos que seriam encarados normalmente em qualquer outro dia, como perder um ônibus, são interpretados como azar por ser sexta-feira 13.
Invertendo o efeito
Segundo o psicólogo, se as crenças da pessoa forem revistas, a temida data pode perder seu significado. “Se a pessoa perceber que seus pensamentos são negativos, pode reverter esse ‘efeito’ da sexta-feira 13 ao substituir tais pensamentos por outros positivos.”
Esta troca de pensamentos resulta no que Maximiniano chama de “input para o cérebro”, um estímulo à mesma região cerebral que interpretaria os fatos como algo negativo. “A região recebe o input e assimila o lado positivo da história”, afirma.
A prova de que tática funciona vem da própria família do psicólogo. “Meu avô construiu sua casa, uma das primeiras de alvenaria em Peruíbe. Em um daqueles dias, ele jogou no bicho, apostando no número 13. Ele acabou ganhando um bom dinheiro e aplicou tudo na construção da casa. Ele passou a dizer que o 13 era seu número de sorte.”
Maximiniano diz que, se uma pessoa acorda já agindo com medo, por causa da sexta-feira 13, ela passará o dia todo observando o mundo sob o “filtro do negativismo”. “Ela passa a se comportar com hesitação, em função de uma crença infundada”, afirma. Portanto, o psicólogo recomenda que, neste dia, as pessoas passem a limpo suas crenças. “Se você se levantar e pensar que as coisas serão diferentes, se mudar sua crença, sexta-feira 13 poderá ser o seu dia de sorte.”
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