sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A neurociência explica o prazer em presentear

É fácil entender por que receber um presente nos deixa tão felizes: ele é sinal de que você é querido e você ainda ganha o presente propriamente dito, uma novidade interessante, coisa que todo cérebro adora.

Mas por que dar um presente também é tão bom? Pela lógica racional, dar um presente custa tempo e dinheiro, e não nos traz nenhum benefício direto. Mas será mesmo?

A neurociência hoje tem uma visão diferente. Presentear traz benefícios ao cérebro, e de várias formas.

A primeira recompensa para quem presenteia é o sorriso no rosto de quem recebe o pacote. O sorriso deixa a pessoa presenteada ainda mais bonita aos olhos do nosso cérebro. O cérebro registra o sorriso do outro ativando o córtex órbito-frontal, na frente, entre os olhos. Como essa parte do cérebro representa o valor positivo dos acontecimentos, a beleza do sorriso do outro, sobretudo se ele acontece por nossa causa, já é um prazer e tanto.

Segundo benefício: ao ver o sorriso no rosto da pessoa presenteada, o nosso cérebro nos faz sorrir também. Acontece assim.

Sorrimos quando vemos alguém sorrir de felicidade porque isso aciona neurônios-espelho no córtex pré-motor, que, por imitação, colocam um sorriso em nosso rosto também. Junto com o sorriso vem uma série de mudanças no corpo, também provocadas pelo cérebro. A gente se sente melhor, mais leve e mais feliz.

Mas o mais impressionante é que já começamos a nos sentir bem muito antes de entregar o presente. A simples decisão hoje de fazer o bem amanhã já basta para ativar o sistema de recompensa e também o córtex órbito-frontal, o representante do lado positivo das coisas. Isso acontece muito antes de vermos qualquer sorriso se formar no rosto do outro. Essa ativação antecipada nos dá prazer, mesmo que fazer o bem tenha um custo em dinheiro e tempo.

Para os céticos, o prazer que nosso cérebro sente em decidir fazer o bem seria uma prova de que não fazemos nada que não nos traga algum benefício. Mas eu prefiro pensar diferente.

Imagine só: meu cérebro poderia não ligar a mínima para a possibilidade de fazer o bem aos outros. Mas ele liga. E com isso todos ganham: quem dá e quem recebe. Não é o melhor dos mundos?

Fonte: Neurológica - Fantástico (21.12.2008)

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